domingo, 14 de junho de 2020

As vantagens de ser invisível



O livro As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbowsky é composto por cartas que o protagonista, Charlie, escreve a um amigo desconhecido, e o conteúdo das mesmas gira à volta das aventuras do grupo de amigos ao longo do ano, dos dramas familiares e de quem Charlie é realmente, abordando-se  assuntos como a adolescência, o primeiro amor, planos para o futuro, o consumo de drogas excessivo, a gravidez, a violência, sexo, o abuso sexual, a homossexualidade, entre outros.

 Charlie é um jovem rapaz de 15 anos que sofre de depressão e que acaba de começar as aulas no ensino secundário após a perda do seu melhor amigo (Michael Dobson, suicídio) e após perder um ano letivo para se recuperar.

 Aos olhos do leitor, Charlie é uma pessoa sonhadora, tímida, introvertida e não tem amigos, até conhecer Patrick e Sam. Eles acabam por acolhê-lo no seu grupo (Patrick, Sam, Mary Elizabeth, Alice, Bob). Estão todos no décimo segundo ano, ou seja, este será o seu último ano.

No seu primeiro dia de aulas, Charlie conhece o seu professor de literatura/inglês avançado (Bill), que acaba por tornar-se um conselheiro, um ouvinte e um amigo. Ao longo do ano, ele sugere livros a Charlie para ele ler e fazer trabalhos sobre os mesmos, mas isto tudo acontece fora das aulas, como se fosse um “extra” na sua aprendizagem, e é através dele que percebemos o quão inteligente, Charlie é para a sua idade. É importante dizer que ele fala um pouco de cada livro nas suas cartas, pormenor no qual é importante reparar, porque é através dos livros que Charlie desenvolve um pouco a sua personalidade e  aprende a ser “humano”, aprende a sentir intensamente os momentos e aplica os sentimentos e aquilo que ele aprende às nas situações novas que ocorrem durante o ano.

Quanto aos seus amigos, refiram-se Patrick e Sam, que são os mais chegados a Charlie. Eles são meio irmãos, porque a mãe de Sam e o pai de Patrick se casaram e foram eles que ensinaram o básico da adolescência a Charlie,  se é que me entendem. Patrick é uma personagem cómica que está sempre pronta para aliviar animar os momentos tristes ou mais desconfortáveis. Ele é gay e não se importa com a opinião das pessoas, o que faz dele um livro aberto, mas no que toca ao amor, a situação é mais complicada, porque a pessoa de quem ele gosta (Brad), não pode assumir-se porque os pais dele são contra isso. Quanto a Sam, podemos dizer que ela é o primeiro amor de Charlie, é simpática e divertida, é sonhadora e pretende atingir certos objetivos de vida, mas de no momento o que lhe interessa é aproveitar o seu último ano no ensino secundário e divertir-se muito. Quanto à sua vida amorosa e à sua infância, não posso dizer que são totalmente boas, mas não vou criar um spoiler.

Relativamente ao tipo de escrita e àquilo que achei do livro, devo dizer que foi a primeira vez que li Stephen Chbosky e estou realmente apaixonada. Ele é completamente diferente de qualquer autor que escreveu um livro e fez-me ler o livro depois de ter visto o filme. Um aspeto de que gostei muito foi o facto de o Charlie reparar sempre em pequenas coisas em que ninguém repara, como nos momentos em que ele tentava perceber quantos buracos tinha o teto da sua sala, ou como as fibras do cobertor que lhe deram eram ásperas e como a água de uma poça na rua parecia ser fria apesar de ele estar calçado. Outra das coisas em que reparei e que me fez apaixonar ainda mais pela escrita de Chbosky foi o facto de Charlie não utilizar sempre adjetivos para descrever as pessoas e os momentos, e sim, utilizar comparações como “a Sam é como a música Asleep e lembra-me aqueles dias lindos de chuva”, ou que passar de carro pelo túnel e sair na direção da ponte com a Sam e o Patrick é como ser o infinito. Pode parecer estranho, mas a descrição de que eu mais gostei foi a de Bob e quem for ler o livro talvez perceba porquê. Reparei também que nós (leitores) assumimos a perspetiva da personagem do amigo desconhecido de Charlie, o que é muito interessante. 

Por agora, acho que chega de falar dos aspetos positivos, até porque nem tudo é perfeito no livro. Algo que eu achei incorreto em relação ao filme foi o facto de os finais serem um bocado diferentes, mas como o final é aberto, esperava-se a continuação de algo. Acho que seria interessante ler o segundo volume desta história, onde contassem como é que seria a vida de Charlie depois da formatura dos amigos. Achei também que se podia ter falado um pouco mais da Alice e do Bob, apenas o foi feita a descrição deles e foram referidos em certos momentos. No que toca à família, Charlie, tem uma irmã no décimo segundo ano e um irmão na faculdade. Fiquei com a ideia de que todos compreendem mal o Charlie e não o conhecem verdadeiramente e talvez tenha ficado um bocado revoltada com isso, mas também sei  que eles se amam e vão estar sempre lá uns para os outros.

Para concluir, gostei muito do livro “As vantagens de ser invisível”, tocou-me no coração a forma como os assuntos eram abordados e a maneira com Stephen Chbosky descreveu cada detalhe de cada personagem e momento. Muitas pessoas podem discordar do que vou dizer, mas eu não considero este livro triste ou dramático, e sim uma maneira de compreender os adolescentes. Admiro o facto de que existe um adulto que consegue entender-me e a outros adolescentes, utilizando apenas palavras e os seus pensamentos. Tentei saber se a história era verídica de alguma maneira, mas não encontrei nada a esse respeito, por isso vou supor que o autor escreveu este livro com base na sua opinião e imaginação e talvez tendo como inspiração as recordações que tem da sua infância. 

Para finalizar, pode parecer estúpido o que vou dizer, mas agradeço, por existir um livro e uma pessoa que me compreendam e tenho a certeza que não sou a única que se sente assim. 

 

Ficha técnica:

As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky, Lua de papel, 264 pág.. 2018


Classificação: 4/5 💛💛💛💛


Beatriz Lima, 10ºA, nº3


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