quarta-feira, 17 de junho de 2020

O guia para uma boa vida




Esta é uma crítica à obra Ética para um jovem, que foi publicada em primeira instância em abril de 1991. Atualmente já apresenta a 22.ª edição. O seu autor, Fernando Savater, nascido no norte de Espanha, é o maestro deste livro. Este catedrático é um homem de muitos estudos e conhecimento. Por isso mesmo pode ter sido uma surpresa quando decidiu simplificar as ideias envolventes da ética. O livro é dirigido ao seu filho, numa tentativa de ajudá-lo a viver com qualidade, por isso reconheço uma excelente justificação para a surpresa causada. Fernando Savater pretende apenas cumprir o seu dever parental. Penso que a principal razão para a escrita deste livro é a desmistificação daquilo que o palavrão “ética” parece a qualquer jovem. O conhecimento juvenil sobre os significados desta palavra é nulo, e por isso, o receio e o incómodo de averiguar mais sobre esse assunto fazem com que ele seja ignorado. 

A obra está dividida em nove capítulos, tendo um aviso antipedagógico, um prólogo, um epílogo e um apêndice. De todos os capítulos, os que me chamaram mais à atenção foram o 4 (“Tem uma vida boa”) e o 3 (“Faz o que quiseres”). Através de exemplos explicados por pensadores da Antiguidade e lendas contadas, estes capítulos, mais do que os outros, fizeram-me refletir sobre as minhas ações e os meus objetivos na vida (o que pretendo atingir). Proporcionaram-me a possibilidade de questionar a liberdade,  sobre a qual até aí pensava demasiado trivialmente.

Durante toda a obra existiu um aspeto que me permitiu constantemente identificar com o livro, e que fez com que a sua leitura fosse ainda mais voluntária do que pudesse alguma vez imaginar. O escritor dirige-se ao leitor, percebendo que este é um jovem de quinze ou dezasseis anos. Percebe as suas fragilidades e os seus sentimentos ao longo da leitura,  como se ele próprio fosse um adolescente. Para ilustrar esta dimensão, no final de todos os capítulos, está escrita a frase ”Para ires lendo…”. É de conhecimento geral que os adolescentes têm dificuldade em dedicar muito tempo a uma coisa que fisicamente só exige movimento ocular. O escritor mostra compreender as suas dificuldades. 

No entanto, esta dimensão não cria nenhum limite de idade para a leitura da obra. Pelo contrário, em minha opinião, Ética para um jovem devia ser lido por todas as pessoas. Aumentaria sem dúvida o índice de satisfação das pessoas enquanto sociedade, e consequentemente a sua felicidade pessoal. Apesar desta minha recomendação, os “não adolescentes” poderão não tirar tanto proveito como seria esperado, pois já viveram partes da sua vida em que podiam ter seguido esta filosofia. Os mais novos têm a oportunidade de fazer as coisas de maneira diferente.

Gostaria ainda de apontar duas pequenas críticas: ao tipo de vocabulário usado, pois, apesar de o autor tentar repetidamente simplificá-lo de modo a ser melhor compreendido por jovens, existem palavras cujo significado eu desconheço, e ao desenvolvimento do último capítulo, que eventualmente, pelo tema em causa, me pareceu o menos claro ao nível da compreensão .

Em suma, diria que a leitura deste livro é essencial para o desenvolvimento de qualquer indivíduo. Fez mudar a minha forma de pensar e, a partir de agora, vou agir de maneira diferente devido ao conhecimento que adquiri. 


Ficha técnica:
Ética para um jovem, de Fernando Savater, 158 pág., Dom Quixote, 2005

Classificação: 5/5 💛💛💛💛💛


Francisco Bento, 10ºA


Sem comentários:

Enviar um comentário