Uma análise das mais recentes crónicas de Ricardo Araújo Pereira
Eu sou um confesso fã de Ricardo Araújo Pereira desde que me lembro, por isso, assim que surgiu a oportunidade, li o mais recente livro de sua autoria, lançado em 2018: Estar vivo aleija.
Ricardo Araújo Pereira é um conhecido humorista e cronista português, que recentemente foi eleito como a figura pública portuguesa que mais empatia causa junto do público.
Como muitos outros humoristas da sua geração, Ricardo Araújo Pereira revelou-se ao público português pela primeira vez no conhecido programa de stand-up da SIC Levanta-te e ri.
Conhecido pelo seu humor inteligente, irónico e cheio de trocadilhos,Ricardo Araújo Pereira foi um dos protagonistas do conhecido grupo Gato Fedorento, que surgiu no início dos anos 2000. É autor de diversas crónicas político-sociais, das quais destaco a série criada para o programa Mixórdia de temáticas (transmitido na Rádio Comercial). Em televisão também protagonizou diversas rubricas, sendo Isto é gozar com quem trabalha (SIC) a mais recente.
Mas retomando o assunto que me trouxe aqui hoje, o mais recente livro do já extenso repertório de Ricardo Araújo Pereira, trata-se de uma obra que junta cerca de 70 crónicas de temas que variam entre a política, a análise social ou o simples desabafo do autor, crónicas essas que foram publicadas no jornal brasileiro Folha de São Paulo e que foram agora reunidas nesta colectânea cuja publicação coube à editora Tinta da China.
As crónicas foram escritas, tal como seria de esperar, de forma exímia e engraçada, da forma que só Ricardo Araújo Pereira sabe, abordando todo um lote de temas muito variados entre si, dando-lhes o seu autor o seu toque crítico, humorístico, inteligente, cheio de ironia, metáforas e trocadilhos, tal como nós o conhecemos.
Se há alguém que consegue pegar num assunto sério da sociedade atual ou em algo fútil e desinteressante e transformá-lo em algo engraçado, esse alguém é, sem dúvida, Ricardo Araújo Pereira.
Uma das minhas passagens favoritas é quando o autor aborda o complexo de Édipo, um tema da área da psicanálise, portanto, associa-o à atualidade, nomeadamente ao trânsito nas cidades, e faz o seguinte comentário: «A gente nasce com um impulso primordial para matar, não o pai, mas idiotas que não respeitam o código de trânsito.»
Acredito que muitas das pessoas que estão neste momento a ler este texto sejam, tal como eu, admiradoras do trabalho de Ricardo Araújo Pereira e certamente que este livro vai ser algo que gostarão de ler. Mas não só quem o admira; decerto que todas as pessoas que gostam de passar um bom bocado a ler um bom livro irão gostar desta obra. Eu não consegui passar uma única página sem ter um sorriso estampado na cara.
Para concluir, é uma obra literária muito interessante, é extremamente fácil de ler, é quase viciante e, acima de tudo, é extremamente divertida, pelo que, obviamente, recomendo a sua leitura. Ricardo Araújo Pereira certamente não desiludiu ninguém com estas crónicas.
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