domingo, 14 de junho de 2020

Cronicamente irónico


 

Uma análise das mais recentes crónicas de Ricardo Araújo Pereira

Eu sou um confesso fã de Ricardo Araújo Pereira desde que me lembro, por isso, assim que surgiu a oportunidade, li o mais recente livro de sua autoria, lançado em 2018: Estar vivo aleija. 

Ricardo Araújo Pereira é um conhecido humorista e cronista português, que recentemente foi eleito como a figura pública portuguesa que mais empatia causa junto do público. 

Como muitos outros humoristas da sua geração, Ricardo Araújo Pereira revelou-se ao público português pela primeira vez no conhecido programa de stand-up da SIC Levanta-te e ri. 

Conhecido pelo seu humor inteligente, irónico e cheio de trocadilhos,Ricardo Araújo Pereira foi um dos protagonistas do conhecido grupo Gato Fedorento, que surgiu no início dos anos 2000. É autor de diversas crónicas político-sociais, das quais destaco a série criada para o programa Mixórdia de temáticas (transmitido na Rádio Comercial). Em televisão também protagonizou diversas rubricas, sendo Isto é gozar com quem trabalha (SIC) a mais recente. 

Mas retomando o assunto que me trouxe aqui hoje, o mais recente livro do já extenso repertório de Ricardo Araújo Pereira, trata-se de uma obra que junta cerca de 70 crónicas de temas que variam entre a política, a análise social ou o simples desabafo do autor, crónicas essas que foram publicadas no jornal brasileiro Folha de São Paulo e que foram agora reunidas nesta colectânea cuja publicação coube à editora Tinta da China. 

As crónicas foram escritas, tal como seria de esperar, de forma exímia e engraçada, da forma que só Ricardo Araújo Pereira sabe, abordando todo um lote de temas muito variados entre si, dando-lhes o seu autor o seu toque crítico, humorístico, inteligente, cheio de ironia, metáforas e trocadilhos, tal como nós o conhecemos.

Se há alguém que consegue pegar num assunto sério da sociedade atual ou em algo fútil e desinteressante e transformá-lo em algo engraçado, esse alguém é, sem dúvida, Ricardo Araújo Pereira. 

Uma das minhas passagens favoritas é quando o autor aborda o complexo de Édipo, um tema da área da psicanálise, portanto, associa-o à atualidade, nomeadamente ao trânsito nas cidades, e faz o seguinte comentário: «A gente nasce com um impulso primordial para matar, não o pai, mas idiotas que não respeitam o código de trânsito.»

Acredito que muitas das pessoas que estão neste momento a ler este texto sejam, tal como eu, admiradoras do trabalho de Ricardo Araújo Pereira e certamente que este livro vai ser algo que gostarão de ler. Mas não só quem o admira; decerto que todas as pessoas que gostam de passar um bom bocado a ler um bom livro irão gostar desta obra. Eu não consegui passar uma única página sem ter um sorriso estampado na cara. 

Para concluir, é uma obra literária muito interessante, é extremamente fácil de ler, é quase viciante e, acima de tudo, é extremamente divertida, pelo que, obviamente, recomendo a sua leitura. Ricardo Araújo Pereira certamente não desiludiu ninguém com estas crónicas.


Ficha técnica: 
Estar vivo aleija, de Ricardo Araújo Pereira, Tinta da China, 144 pág., 2018


Classificação: 💛💛💛💛💛

Tiago Claudino, 10ºA, Nº 24




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